03 novembro 2010

[PARTO] Comigo foi assim...

Antes de escrever qualquer coisa tenho de fazer um agradecimento muito especial: ao meu marido... pelas filhas lindas que me deu, por todo o apoio, toda atenção, carinho e presença nestes dias cujas horas pareciam infindáveis. Sentir-te a meu lado foi sem duvida muito mais fácil suportar cada momento, cada dor que poderei ter sentido, posso dizer que eu nao estive sozinha e passamos por isto JUNTOS... TE AMO!

Na segunda-feira passada (25/10), ao fim da tarde, após ir buscar a Eva à escolinha chego a casa sento-me junto ao PC e comecei a sentir-me molhada... pensei " estou a perder agua"... fui ao wc... e as cuecas estavam todas molhadas... troquei e voltei para o lugar onde estava.
Nisto sinto nova golada de agua a sair de mim. Novamente WC e aí algo me diz é hoje, o tempo cumpriu-se e eu vou conhecer a minha Sara. Torno a trocar de cuecas, e liguei ao Zé avisando-o da situação para que viesse para casa.
Comecei a pensar no que fazer em relação à Eva, pedi a uma amiga para a levar aos meus pais, ao que ela acedeu com rapidez, fiz-lhe uma malinha com roupa, entretanto o zé e a minha amiga chegam, visto-me, preparo a Eva e saímos todos, ambos com destinos diferentes. Eu ia ansiosa, mas descansada. Quanto à Eva sabia que ia ficar bem, quanto à Sara, sabia que pouco tempo nos separava, embora ainda um cordão nos unisse.
No caminho para o hospital comentava com o ze a observação que a senhora da frutaria tinha feito, quando la tinha ido durante a tarde... ela disse-me que seria hoje, que após carregar aqueles sacos pesados de fruta para casa que o saco romperia e o bebe iria nascer ainda hoje... e rimo-nos, claro... mal sabia a senhora, que seria mesmo!
Às 39 semanas e 0 dias do dia 25 de Outubro, pelas 18:30 dou entrada no Hospital Distrital de Leiria com perda de liquido amniótico.
Após observação medica foi-me decretado o meu internamento, mas não estava em trabalho de parto, apenas bolsa rota.
E aqui começa a viagem que me levará até à minha filha Sara... sim, chamo viagem, porque agora olho para trás e tudo já passou... e passou rápido... embora eu no preciso momento em que vivia cada hora achasse que essa era interminável.
Depois de observada, mandaram-me sentar numa cadeirinha de rodas e mandaram chamar o marido para se despedir de mim, ia ficar e como nao estava em trabalho de parto ele nao podia ficar... aqui começou o meu stress... sozinha é que eu nao queria ficar... comecei a pensar "e se o trabalho começa e nao o deixam entrar?" " e se me deixam sozinha a noite toda com dores e nao me ligam nenhuma?" "e se... e se..." começei a fazer pressão e a pedir para o deixarem ficar, ao menos para fazer companhia, que nao queria passar por aquilo sozinha, enfim!
Conclusão foi jantar e voltaria mais tarde.
Entretanto com a pressa tinha esquecido de mandar à Eva o biberon e pedi ao Zé para o ir levar... já chegou perto de mim por volta das 22h.
Conversamos ainda um pedaço, ele esteve a observar a cama e os equipamentos novos e entretanto comecei a sentir contracções logo de 3 em 3 minutos e já a doer qualquer coisita.

Por volta das onze horas houve mudança de turno e aí conheci as duas parteiras que me iam seguir. A senhora que ficou comigo, era muito meiguinha, muito simpática e transmitia uma calma enorme. Acompanhou-me ate cerca das 3h. Depois foi a outra que em conversa entre elas ouvi comentar, que dado o meu estado delicado iria ser ela a seguir-me e nao a que ja estava comigo.
Falaram comigo, perguntaram-me quem me acompanhou a gravidez e eu com algum receio de ser menos bem atendida por isto, comentei com elas que estava bastante desgostosa com o meu GO, devido ao que ele me tinha feito nessa mesma manha durante o ctg. Ambas riram ao ouvirem o meu desabafo e disseram que nao era de estranhar, afinal ele fora do consultório é assim para todas as mulheres... enfim!
Entretanto também tinha vindo uma das medicas de serviço fazer-me o questionário de internamento e deu-me também o documento para assinar caso pretendesse epidural, como ainda estava na duvida, esse nao assinei e fiquei com ele para mais tarde.
Todos saíram e eu fiquei sozinha com o meu marido ate perto da 1h, a sentir as contracções que por esta altura ja eram de minuto a minuto...e a somar ainda estava muito gripada, tinha imensa tosse e expectoração. Passei o tempo todo a tossir. Nao estava a ser fácil e ja pedia a epidural...
A parteiro veio, observou-me e o meu trabalho estava a decorrer, mas muito lentamente, como ja tinha evoluído um pedaço e o colo ja estava diferente, chamaram o anestesista... que para mim, parece que demorou horas a chegar.
Mandaram sair o marido, o anestesista administrou a reiki e depois a epidural e as dores foram, disse ao senhor que todas lhe deveriam chamar "Santo"... pois tirava as dores às mulheres, e ainda nos rimos.
Todos saíram e tornamos a ficar sozinhos... até por volta das 3h. Aqui já estava com 4 cm de dilatação, trabalho a decorrer normalmente, mas lentamente. Como havia cesariana previa, nada se podia fazer, nem eu queria, eu queria tudo o mais natural possível, tinha frisado bem isto no inicio do processo.
Por esta altura comecei a sentir tremores e arrepios, percebi que a febre estava a subir e de facto estava.
Deram-me paracetamol endovenoso... e nada da febre ceder... colocaram antibiótico... e depois mais outro antibiótico... e por volta das 5h, nova observação o meu colo estava a engrossar (estranho!) e neste espaço de tempo senti que as minhas contracções que eram tão ritmadas simplesmente abrandaram. A febre essa mantinha-se. e aqui deram-me um supositório (que cara estranha que eu fiz... lololol)
Por volta das 6h, veio a parteira de novo e fez-se acompanhar por uma medica que me quis observar e disse que o meu trabalho estava meio parado, e ia receitar oxitocina para ajudar.
Mal ouvi esta palavra fiquei logo em pânico, depois da ultima experiência, isto, é que eu não queria mesmo tomar. Eu perguntei se mesmo com cesariana previa não havia problemas, ela diz que não, porque ja tinha sido à dois anos e tal e o corpo ja podia receber pelo menos uma quantidade pequenina, que ia só ajudar. Mas eu nao queria... mesmo assim eu nao queria, preferia esperar, afinal tinha tempo.
Quando a parteira voltou perguntei se ia levar entao a tal hormona ao que ela respondeu que não, que tinha conversado com a medica e lhe tinha feito perceber que dado o meu estado nao era o melhor. Aqui ela diz que vou para cesariana quase de certeza, para me preparar. Eu encontrava-me muito fragilizada devido à gripe, ainda com febre e com medo de uma complicação respiratoria (dado o meu historial) o melhor seria a cirurgia.
Compreendi que era o melhor e desejei que o tempo passa-se e a fizessem rápido, queria sair dali.
Por volta das 8h a medica chega e a cesariana vai mesmo avançar, começam a preparar-me e lá vou eu conhecer a Sara, nao da forma que desejava, mas enfim.
A operação foi rapida, mal vi o meu bebe, que depois de nascer foi ao colinho do papá e depois para uma salinha à parte e eu fui para o recobro.
Sei que me colocaram uma mantinha aquecida por cima e senti-me nas nuvens... doia-me o corpo da febre e da tosse, estava cansada e saturada do TP.
A Sara esteve na luzinha enquanto eu recuperava e deram-lhe Glicose para a manter ate eu estar em condições de a amamentar.
Vim do recobro com duas seringas (Morfina+Epidural - que me foram administradas ao longo desse dia) para ajudar a suportar o pós operatório, dado eu estar com muita tosse, e digo-vos que tosse e pontos na barriga é dose... Nem voz eu tinha... estava completamente afónica.
Dou a maminha à Sara, que estava esfomeada... e seguimos para a obstetrícia... ainda com febre recebo novo antibiótico e mais paracetamol endovenoso...
As 20h fiz o levanto, e daqui foi recuperar... parece-me que desta vez recuperei melhor da cesariana do que quando foi da Eva... o zé diz que deve-se muito a todos os medicamentos que tomei, mas nao sei, talvez tenha sido!
Continuo com febre ate quinta-feira, nesta fase ja descia com o paracetamol, mas sempre que o efeito passava ela voltava... A partir daqui a febre baixou e passou a andar entre os 37º e 38º. Sábado ainda tive 37º, ao que a medica respondeu que assim nao sabia se ia ter alta no dia seguinte... mas veríamos.
Ainda tomei antibiotico endovenoso ate as 7:30 de sábado (minha ultima pica). Desta vez mudaram-me o cateter 4 vezes, e fiquei com as veias todas saturadas... :S uma delas ate fez flabite (acho que é assim que se diz).
Havia uma enfermeira que era um pouco mázita... numa das vezes que me deu o antibiotico eu estava a dar mama e tinha o cateter nesse braço onde suportava a bebe, e ela deu o medicamento assim mesmo, nem me deixou parar de amamentar, e ainda me responde "nao doi nada pois, não?" depois olha para a veia e diz "ah, esta um pouco saturada realmente, já nao deve aguentar muito mais... " e eu com vontade de lhe pregar um estalo...
Houve outra que se lembrou de me ir tirar sangue as 7:30 da manha, e eu estava a dormir quando ela chegou... a senhora colocou a bandeja aos pés da cama e nisto passou-me a mao pela perna para eu acordar... eu tinha as penas encolhidas e ao acordar estiquei-as... e pimbas la se foi a bandeja... a enfermeira ficou com um ar tao zangado... so sei que me deixou uma mazela no braço e nao conseguiu tirar o sangue todo que precisava, as 9h veio uma colega para fazer mais uma colheita que o outro sangue nao chegou... só a mim...
Domingo la me deixaram sair... com a recomendação de vigiar a febre e antibiótico oral mais 3 dias... Estava ansiosa por sair e estar com a minha família.
Desta vez as coisas nao correram como desejava com muita pena, fui surpreendida por uma febre (estranha) que se fosse da gripe cederia a medicamentos... mas o certo é que estamos todos bem e já em casa.
Tudo passou. Se for ao terceiro bebe, tenho de reunir muita coragem, esta maratona foi dura de se fazer.

2 comentários:

Ana disse...

De facto foi uma epopeia! que acabou em bem, e isso é que é importante! beijokas grandes para as meninas todas

Susana R disse...

Olá Rute. Parabéns mais uma vez a toda a família. Bem-vinda Sara!
Beijinhos.